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Minha Avó Dizia que The Sims é uma Obra do Demônio para me Coagir

A história de uma avó super religiosa que acreditava loucamente que o The Sims era obra do capiroto.

Uma usuária identificada como Aline nos enviou um e-mail contando uma história bastante engraçada, e ao mesmo tempo bastante louca, sobre a sua relação com o The Sims e como isso afetava diretamente a sua avó, com quem ela viveu por alguns anos.
A avó, com quem Aline vivia, era uma senhora bastante religiosa e ficou excessivamente impressionada quando se viu diante do The Sims, jogo que sua neta jogava quase todos os dias, e que acabou se transformando em motivo de constantes brigas e situações fora do comum.

Minha Avó Dizia que The Sims era uma Obra do Demônio para me Coagir

Oi, meu nome é Aline e gostaria de compartilhar com todos vocês um pouco sobre a minha história com o The Sims, e que também se tornou um pouco da história de loucura da minha avó, hoje já falecida (que Deus a tenha).

Quando eu tinha quase 16 anos, passei a morar na casa da minha avó, ela já era uma senhora de idade e precisava de alguém que ficasse com ela durante a semana para ajudá-la com algumas atividades do dia-a-dia, e como a sua casa era praticamente do lado da onde meus pais moravam, eu não vi problema em passar a viver com ela pois isso não iria mudar drasticamente a minha rotina, até porque eu era uma adolescente que não fazia muita coisa a não ser passar a tarde toda no msn conversando com amigos e jogando jogos no computador, sendo o principal deles, o The Sims.

A minha vó, que se chamava Lúcia, era uma senhora bastante religiosa, fervorosa, para dizer a verdade. Estar tão ligada à religião e viver em função disso se tornou por muitas vezes motivo de briga entre ela e minha família, principalmente brigas envolvendo meu pai, o filho da dona Lúcia. Minha vó era um doce de pessoa, mas isso não significava que ela era fácil, pois mesmo já debilitada, ela aprontava várias, como roubar todo o lote de cerveja que meu pai comprou para um churrasco e depois jogar no lixo, tudo isso pelo simples motivo de que ela acreditava que bebidas alcoólicas eram algo usado como influência do “coisa ruim”.

Enquanto as artimanhas da minha vó não me afetava, tudo estava numa boa. Eu no meu canto indo para a escola, estudando, passando a tarde no computador conversando com meus amigos e jogando, e ela fazendo a mesma coisa que fazia quase todas as manhãs e também tardes, que era assistir a canais religiosos (isso quando ela conseguia encontrar algum).

No primeiro semestre de 2005, meu pai finalmente me deu um computador novo, e junto com ele, o The Sims 2, que fazia algum tempo que já havia sido lançado. Eu lembro de ter ficado louca quando senti a caixa nas minhas mãos, e quase tive um treco durante a instalação. Eu não podia acreditar que eu finalmente iria jogar aquele jogo, o qual eu estava esperando há muito tempo, e que tive que esperar por alguns meses a mais para poder jogar, a felicidade era tanta que eu não conseguia pensar em mais nada, felicidade a qual estava com os dias contatos e mal sabia eu.

Um certo dia, eu estava no meu quarto jogando The Sims 2, e de repente a minha casa começou a pegar fogo. Os Sims corriam de um lado para o outro completamente desesperados, e a gritaria era generalizada. O barulho peculiar que os Sims faziam enquanto viviam aquela situação desagradável acabou chamando a atenção da minha avó, que acabou escutando da sala e se direcionou ao meu quarto, extremamente assustada, e abriu a porta dizendo em pânico: “Que Gritaria é Essa?”, eu olhei para a dona Lúcia com a cara mais normal do mundo e disse: “Vó, é só um jogo que eu estou jogando, não tá vendo?”, foi então que ela se aproximou e tentou entender o que era aquilo.

Minha vó permaneceu por uns 3 minutos olhando para a tela sem entender o que via, e tudo no cenário do jogo era uma verdadeira confusão num primeiro momento, e a interface atrapalhava ainda a assimilação. Foi quando eu decidi reiniciar o jogo, entrar em um lote pelo período do dia e mostrar calmamente para ela o que era o jogo. Fui mostrando passo a passo algumas coisas básicas, como a vida cotidiana dos Sims, seus trabalhos, suas atividades, ao mesmo tempo em que minha avó presenciava tudo com os olhos esbugalados.

Como The Sims não costuma ser um jogo em que as coisas acontecem de forma muito rápida, eu decidi de uma hora para outra ser mais hardcore e mostrar pra ela que podíamos fazer quase tudo o que queríamos no jogo, inclusive matar os Sims, e acreditem, isso foi o primeiro passo para as coisas darem errado. Isso porque eu tive a brilhante ideia de fazer o que quase todo jogador de The Sims já fez na vida, que é matar um sim na piscina. Eu escolhi um sim como vítima, fiz ele ir nadar, retirei as escadinhas e disse para a minha vó: “E o legal é que eu posso até matar as pessoas desse jogo, tipo, esse daí vai morrer afogado jaja”. Foi quando minha vó estremeceu e ficou chocada ao ver o sim afundando na água, e mais chocada ainda quando viu uma criatura de capuz escuro chegando para levar o sim.

A experiência da velha no final das contas foi inacreditável, era nítido o quanto estava assustada e perturbada. Ela olhou para mim apavorada e brava e disse que era para eu desligar o computador imediatamente, porque aquilo para ela não era um jogo normal, mas sim algo para estimular as crianças a se tornarem psicopatas e torturadores. Quando eu tentei discutir a situação, não teve outra, ela simplesmente puxou o cabo do computador da tomada e repetiu milhares de vezes que Deus era justo, Deus era o todo poderoso, e que eu não devia brincar de Deus nem que fosse para controlar pessoas virtuais.

Eu fiquei completamente incrédula. Eu estava sentindo um misto de raiva e indignação, e ao mesmo tempo uma surpresa enorme por não entender direito o que estava acontecendo, ou melhor, eu entendia, mas estava difícil de acreditar que um mero jogo de computador fez a minha vó ficar tão apavorada e irritada a ponto de retirar o computador da tomada quando eu me recusei a desligar a máquina, e eu nem imaginava que ela sabia qual era a tomada certa para desligar o PC.

Um dia se passou, e liguei o computador para conversar com meus amigos e eventualmente jogar The Sims 2 de novo. Enquanto eu estava no Msn falando com meus amigos, eis que minha avó aparece na porta do meu quarto dizendo: “Nem pense em ligar aquele jogo de novo, se você fizer isso, vou desligar o computador e ainda te dar uns tabefes”. Tudo o que foi dito entrou por um ouvido e saiu pelo outro, e não teve jeito, fui jogar de qualquer forma, até que ela apareceu, correu até a tomada do computador, desligou a máquina novamente, e deu um tapão na minha cabeça. Foi quando eu entrei em choque, e fui chorando contar tudo o que estava acontecendo para o meu pai.

Com tudo dito e explicado, meu pai foi direto para a casa da minha vó em minha companhia, e ali eu presenciei uma das brigas mais bizarras entre os dois. Meu pai havia dito que a minha vó estava ficando louca, e que tudo relacionado a igreja estava subindo a cabeça dela, fazendo com que não enxergasse o que é realidade, e o que não é. Ele foi muito enfático dizendo diversas vezes para minha vó que o The Sims 2 era apenas um jogo, e que eu poderia jogá-lo o quanto eu quisesse, e que ela não tinha o direito de desligar o computador, ou controlar o que eu fazia ou deixava de fazer (pelo menos as partes comuns e normais de uma garota adolescente que não dá trabalho).

Minha avó ficou furiosa, e disse que na casa dela não entrariam obras do demônio, e que se fosse para eu continuar jogando aquilo, no caso o The Sims, era para eu ir embora. Dois dias depois, eu estava de volta a casa dos meus pais jogando The Sims, toda alegre e tranquila, e sem o medo de ninguém aparecer desligando o meu computador ou me dando uma bofetada na cabeça.

Quase duas semanas depois de eu ter retornado a minha casa, o pior acontece. Minha avó escorregou e quebrou o fêmur. Desta vez, não havia outra alternativa, eu teria de voltar para a casa dela de qualquer jeito, e além da minha presença, minha mãe também estaria por ali todas as tardes e começo para fazer comida, e ajudá-la com o banho.

Lembro como se fosse hoje de estar jogando The Sims no quarto em que eu costumava ficar, enquanto minha vó entrevada ouvia o barulho do jogo e dizia para que eu pelo amor de Deus parasse de jogar aquilo, pois não era coisa de Deus, e nem fones de ouvido adiantavam porque ela me perguntava há cada 10 minutos se eu estava usando o computador, e jogando The Sims.

As vezes, alguns vizinhos faziam visita, e ela contava para todos eles que eu passava horas trancada no quarto jogando um jogo de matança, e que o The Sims era um obra do demônio para me coagir, me influenciar a fazer coisas ruins com as pessoas, e também controlar a vida das pessoas (oi)? Uma dessas vizinhas chegou a me entregar um vidrinho com óleo ungido, dizendo que aquilo era para me curar, me guiar para o caminho do bem e da sabedoria, e eu não sabia onde enfiar a cara na hora de aceitar esse presentinho.

Acabou que a história não durou muito tempo, pois infelizmente, minha vózinha fanática acabou tendo algumas complicações por conta do fêmur quebrado, e depois de dois meses veio a falecer. Nunca mais ouvi sua voz me gritando para que eu parasse de brincar de Deus.

Hoje, tudo o que resta no final de contas é a saudade. A ausência dela me faz uma falta tremenda. E quando penso no pavor que ela tinha do The Sims, eu sorrio e dou boas gargalhadas, porque no final das contas, até que tudo foi bem engraçado e estranho.

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2 Comentários

  1. Mano como assim the Sims 4 obra do demônio a minha vó ama quando eu jogo esse jogo principalmente quando eu fasso ela

  2. ahn… o jeito que foi apresentado o jogo pra ela tbm, não foi muito bacana… A gente sabe das partes sombrias do jogo, mas não se mostra pra um idoso fanático religioso, por exemplo, que podemos matar os sims… ahahahah
    Quando se for mostrar jogos assim, mostra a casinha, os móveis, a vidinha e se fala que tá brincando de bonecas… kkkkkkkk é mais fácil!!

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